O publicitário Nizan Guanaes, uma das mais lúcidas inteligências do país, dirigiu uma mensagem de sabedoria aos graduandos da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), ao paraninfar uma turma. Reproduzo alguns trechos: “Não paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo o coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar que o dinheiro virá como consequência. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. (…) Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi construído antes, na alma. A propósito disso, lembro-me de uma passagem extraordinária, que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse: ‘Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo’. E ela responde: ‘Eu também não, meu filho’. Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar em realizar, tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.
Meu segundo conselho: pense no seu País. Porque, hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às 8 e mais se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios.
Trabalhe! Muitos colegas dirão que você está perdendo sua vida porque trabalha enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho o leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama sucesso”.
É preciso dizer mais?
“O trabalho afasta de nós três grandes males:
o tédio, o vício e a necessidade.”
Voltaire (1694-1778).