A Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988, em seção destacada sobre um dos valores relevantes da humanidade, ou seja, a Cultura, estabelece que “o Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação” (art. 216, § 1º).
Esta disposição da lei fundamental abre espaço para a reverência de um dos capítulos mais importantes da história do Brasil: o chamado Cerco da Lapa. Durante muitos dias a pequena cidade resistiu bravamente às tropas federalistas constituídas pelo grupo de oposição formado no Rio Grande do Sul com o objetivo de descentralizar o poder da República logo após a sua proclamação. Seu comandante foi o caudilho Gumercindo Saraiva (1852-1894).
Esses e muitos outros aspectos foram objeto da palestra do advogado Mariano Taglianetti, um lúcido e dedicado cultor de relevantes fatos históricos do Paraná e do Brasil, proferida em comemoração aos 250 anos de fundação da Lapa (13.06.1769) no Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Conforme suas palavras, a epopeia lapiana foi “forjada em resistência heroica. Foram 20 dias gloriosos de 1894, em uma luta que deteve o rastro sangrento da chamada Revolução Federalista na qual foram sacrificados os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Não fosse a pertinácia ao lado de um pugilo de bravos; não fosse a coragem indômita e o patriotismo de Gomes Carneiro, que tinha o condão de fazer de cada soldado um lutador e de cada lutador um amigo extremado, a corte federalista que vinha das bandas do sul, talando como ciclone, teria nestas plagas uma vitória fácil e frutuosa como a de Cesar sobe Phárnaces, rei do Ponto, sintetizado pelo celebre romano em três palavras apenas: “Veni, vidi, vici”.
Muito outro foi o sucesso que aqui se realizou: a vitória do adversário custou tantas vidas de pelejadores adestrados no manejo das armas, fez correr tanto sangue, que Gumercindo Saraiva poderia ter repetido as palavras de Pyrrho ao triunfar em Ásculo: – ‘”Ainda outra vitória como esta, e estarei perdido”.
Em verdade, além do grande número de soldados dos mais pugnazes que pereceram durante o cerco, enquanto nele se pelejava por dilatados dias, com ardimento e ousadia a causar delírio, o governo federal teve tempo suficiente para aparelhar a esquadra improvisada e organizar a defesa em terras da Pauliceia, que, consoante o que se dizia, estava pronta para receber os revoltosos de braços abertos, encaminhando-os para o coração da República, aonde chegariam triunfantes”( A Lapa e a luta pelo progresso da República”).
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Para a leitura integral desta valiosa palestra do historiador Mariano Taglianetti acesse: https://dotti.adv.br/a-luta-pelo-progresso-a-republica-e-a-lapa/