A melhor notícia da imprensa no último fim de semana foi a manchete de O Estado de São Paulo. Na primeira página, em caracteres bem destacados e em negrito, consta: “Em busca de apoio, Bolsonaro pede ajuda e desculpas a partidos”.
Durante a campanha, o candidato à presidência da República insistiu na arenga para abalar o sistema atual de representação parlamentar e partidária e substituí-lo pela relação direta com o povo pelas redes sociais. Deputados, senadores e agremiações políticas sairiam de campo para a entrada do Facebook, do Twitter e de outras ferramentas da moderna comunicação social. A base dessa revolução copérnica estaria no mandamento constitucional: “Todo o poder emana do povo”, abolindo-se, porém, o seu indispensável complemento: “que o exerce por meio de representantes eleitos...” (CF, art. 1º, parágrafo único).
Além disso, no discurso bolsonarista o princípio da independência entre os poderes do Estado reduzia-se à autonomia do Executivo. Não se falou da harmonia entre Legislativo, Executivo e Judiciário.
A estratégia populista de desqualificar a classe política em geral e os partidos em particular assentou em duas espécies notórias da corrupção: o leilão da sigla e o aluguel da consciência. Mas é elementar que não existe regime democrático sem partidos políticos. Na expressiva lição do filósofo e jurista Hans Kelsen (1881-1973), a democracia é “necessária e inevitavelmente um Estado de partidos”.
A prevalecer a proposta política de conciliação e a boa vontade em aceitá-la, o nosso país poderá viver um novo tempo de esperança. Como disse muito bem o Imperador francês Napoleão III Charles Louis Napoleão Bonaparte, 1808-1873): “Em política é preciso curar os males, nunca vingá-los”.
“Na Política, como em tudo mais, precisamos contar com uma parcela de energia e com outra de jeito”.
Gustavo Capanema (1900 – 1985), notável político mineiro, foi Ministro da Educação e Saúde (1934-1945).