O site do extinto Tribunal de Alçada do Paraná exibia a “Prece de um Juiz”, um iluminado texto do magistrado catarinense João Alfredo Medeiros Viana. Não há espaço para a reprodução integral. Seguem alguns trechos:
“Senhor! Eu sou o único ser na terra a quem Tu deste uma parcela da Tua onipotência: o poder de condenar ou absolver meus semelhantes. Diante de mim as pessoas se inclinam; à minha voz acorrem, à minha palavra obedecem, ao meu mandado se entregam, ao meu gesto se unem, ou se separam, ou se despojam. Ao meu aceno as portas das prisões se fecham às costas do condenado ou se lhe abrem, um dia, para a liberdade. O meu veredicto pode transformar a pobreza em abastança, e a riqueza em miséria. Da minha decisão depende o destino de muitas vidas. Sábios e ignorantes, ricos e pobres, homens e mulheres, os nascituros, as crianças, os jovens, os loucos, e os moribundos, todos estão sujeitos, desde o nascimento até à morte, à Lei, que eu represento, e à Justiça, que eu simbolizo. (…)
Ajuda-me, Senhor! (…) Que não me seduza a vaidade do cargo, não me invada o orgulho, não me atraia a tentação do mal, não me fascinem as honrarias. (…) Fazei da minha toga um manto incorruptível. E da minha pena não o estilete que fere, mas a seta que assinala a trajetória da Lei, no caminho da Justiça.
Que eu seja implacável com o erro, mas compreensivo com os que erram. (…) Que o meu veredicto seja a mensagem que regenera, a voz que conforta, a luz que clareia, a água que purifica, a semente que germina. (…) Que [a minha sentença] possa enxugar as lágrimas da viúva e o pranto dos órfãos. E quando diante da cátedra em que me assento desfilarem os andrajosos, os miseráveis, os párias sem fé e sem esperança nos homens, espezinhados, escorraçados, pisoteados e cujas bocas salivam sem ter pão e cujos rostos são lavados nas lágrimas da dor, da humilhação e do desprezo, ajuda-me Senhor, a saciar a sua fome e sede de Justiça!”
“O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça,
mas para julgar segundo as leis.”
PLATÃO (428-347, a.C.) Filósofo grego, discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles.
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