A leitura digital é realizada por suportes tecnológicos, ou sejam, mídias eletrônicas, redes sociais, blogs e outras plataformas. As vantagens desse novíssimo processo de interação humana alcançam as pessoas onde estiverem. Ignorar essa realidade seria tapar o sol com a peneira. Seria desprezar os imensos benefícios em favor de milhões de seres humanos. Seria ignorar a primavera árabe caracterizada por protestos, revoltas e revoluções populares que derrubaram velhos governos autoritários no Oriente Médio e no Norte da África, sem os meios e instrumentos convencionais de guerra.
Diversamente os textos gravados em papel revolucionaram o mundo a partir do Século XV, por Johannes Gutenberg (1398 -1468), com a máquina de impressão em tipos móveis. É a leitura grafada num objeto material distinto do monitor onde se registram sinais ou figuras.
Discute-se o futuro da leitura digital para substituir a outra com os exercícios de pensar e redigir em linguagem própria, como a correspondência escrita. Claro que é mais simples o e-mail que utilizar o correio, com selo no envelope. Mas quanto aos textos científicos, artísticos e literários, a leitura na tela é suficiente para a melhor compreensão da imagem ou conteúdo? Penso que não. A propósito, a advertência de um best seller: The shallows: what the internet is doing to our brains (A geração superficial: o que a internet está fazendo com os nossos cérebros) do escritor americano e membro do conselho editorial de consultores da Enciclopédia Britânica, Nicholas Carr (1959-). Afinal, “nem tanto ao mar, nem tanto à terra”. A internet é um apoio, uma bengala para se andar com maior segurança. Mas é um instrumento físico de comunicação. Não lhe permite acessar a imaginação, que é a reserva indevassável da alma. Faça uma aposta consigo mesmo: pense em redigir uma carta de amor.
“A leitura é para a mente o que o exercício é para o corpo”.
Richard Steele (1672-1729). Político e dramaturgo irlandês.
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