No histórico discurso de posse no governo dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy (1917-1963), proclamou: “Por isso, meus compatriotas, não perguntem o que seu país pode fazer por vocês; mas o que vocês podem fazer pelo seu país”. Tais palavras, ditas na manhã gelada de Washington, (D.C), em 20 de janeiro de 1961, ainda ressoam nos ouvidos e na mente de milhões de pessoas no mundo livre e inspirado nos princípios da democracia.
Nesses momentos de incerteza política e institucional no Brasil, quando surge o fenômeno social da anomia das convicções, é fundamental que todo cidadão tenha o mais elementar conhecimento e a indispensável compreensão de um dos mais graves problemas: a falta de civismo. Assim como o incontável número de entusiasmados torcedores que agitam instrumentos e exibem a bandeira nacional para saudar a “seleção canarinho”, em clima de euforia e de fanatismo.
Na proximidade das eleições gerais, quando estarão em disputa os cargos de Presidente e vice-Presidente da República, Governador e vice-Governador de Estados e do Distrito Federal, Senador, Deputados Federal, Estadual e Distrital, o Tribunal Superior Eleitoral e os tribunais regionais certamente promoverão a campanha institucional alertando os cidadãos para a valorização do voto em candidatos que tenham ética, sensibilidade e competência. Como advertiu muito bem o Ministro da Justiça do Império e imortal romancista, José de Alencar (1829-1877): “O voto não é, como pretendem muitos, um direito político, é mais que isso, é uma fracção da soberania nacional; é o cidadão”.
Mas como o grande número de analfabetos reais e analfabetos funcionais poderá acertar no alvo para a escolha de mandatários dignos de confiança se não tiveram – nunca em suas penosas vidas – o ensino básico sobre democracia, direitos e garantias fundamentais? Constituição, repartição de poderes, organização do Estado, partidos políticos e noções elementares da vida política numa sociedade livre jamais foram objeto de conhecimento. Por mais rudimentar que fosse. Mais grave é a situação de um número incontável de jovens, mulheres e homens com aptidão para votar, mas que desligam o rádio ou a televisão quando é transmitida a propaganda eleitoral, jactando-se de sua indiferença ou hostilidade à ciência e a arte da Política?
Em artigo de notável clareza e lucidez, publicado no jornal O Estado de São Paulo (18-11-2017) , o mestre em ciência política e doutor em Sociologia, Murillo de Aragão, demonstra com clareza e lucidez que a Política “nos envolve e nos sufoca praticamente desde que nascemos. E termina sendo algo inescapável. Assim como a morte e o nascimento, a política é uma das poucas questões inevitáveis na vida. Podemos até evitar a vida em sociedade, mas nunca nos livraremos da política. Pois ao nos livrarmos da vida em sociedade estamos mandando uma mensagem política. Ela é como uma sina que nos persegue. E nem adianta desligar o noticiário quando o volume de informações políticas ultrapassa o necessário e se torna uma pregação fundamentalista. Imagine se alguém, decidir não falar sobre política. Ou nem sequer votar. Ou virar morador de rua. Ou invadir um espaço público, tomar banho na fonte da praça, viver de caridade e dormir embaixo de pontes ou viadutos. Tudo o que fizer vai ter repercussão, com maior ou menor intensidade, e sempre será uma expressão política”.
De tudo quanto foi dito remanesce uma pergunta: o que, como e quando é possível fazer alguma coisa pelo futuro da democracia? A resposta está numa palavra: ensinando. Desde a infância, o quanto antes.
Essa é a missão cívica que pode e deve cumprida pelos maiores ou menores clubes sociais. Um exemplo foi o evento de 7 de junho de 2018 promovido pelo Instituto dos Advogados do Paraná no Graciosa Country Clube, que denunciou a corrupção como a maior desgraça do país.